Pacientes da ortopedia relatam os dias no corredor do Walfredo
Aguardam por uma cirurgia 329 pessoas, sendo que 18 permanecem no corredor do Walfredo Gurgel.Com 91 anos e o fêmur quebrado há 10 dias, Severina Geraldino de Lima finalmente será operada, no Hospital Memorial, na tarde desta quarta-feira (4). Ela está dividindo a enfermaria do hospital com Marlene Teixeira, 83 anos, que espera uma cirurgia, também no fêmur, desde 20 de janeiro.
Severina mora no município de Santo Antônio, mas não conseguiu ser atendida no local. “Quando ela caiu (em 24 de janeiro) levamos para o hospital, mas a médica não pôde atender porque estava na hora do jantar”, declarou a neta e acompanhante Andréia Cristina.
Os familiares decidiram levar Severina para Nova Cruz, onde foi feito o raio-x e constatado que o fêmur estava quebrado. Porém, Andréia foi informada que a avó não poderia ficar na unidade.
No dia 25 de janeiro, Severina foi levada ao Hospital Walfredo Gurgel. Mesmo estando no maior hospital de urgência do Rio Grande do Norte, o sofrimento da paciente não acabou.
Durante dez dias instalada no corredor do Walfredo, não existia controle de medicamento, nenhuma ajuda para o banho e o risco de infecção hospitalar era iminente. Andréia afirma que sempre solicitava a ajuda de alguém para conseguir trocar a fralda e dar banho na paciente.
“Minha avó sentiu dor e eu precisei levá-la até o ambulatório, porque as enfermeiras não controlavam o remédio’, apontou Andréia.
Mércia Maria, filha de Marlene Teixeira (enfermeira por 30 anos), foi companheira de corredor de Andréia por vários dias. “ Quando vinha uma maca da urgência, as pessoas se encolhiam no corredor para o maqueiro seguir com o paciente. Era muita gente, principalmente idosos”, lembra Mércia.
Além dos problemas de superlotação do Walfredo, a alimentação dos acompanhantes, na opinião de Mércia, se configurou como mais um ponto negativo, durante os mais de 20 dias de corredor.
Ela disse que, no início, as pessoas usavam um refeitório. Depois começaram a chegar marmitas e, no final, não vinha mais alimentação para todos. Só recebiam as pessoas com até 18 anos e acima de 60 anos.
O hospital alegava que tinha muita gente. “Como tinha condições de comprar minha comida, deixava a minha marmita para as pessoas do interior. Muitas não têm condições de se manter aqui”, declarou Mércia.
Ainda aguardam por uma cirurgia 329 pessoas, sendo que 18 permanecem no corredor do Walfredo Gurgel. As unidades que realizam cirurgias de ortopedia são: Itorn, Memorial e Médico Cirúrgico.
Apenas o Memorial recebeu encaminhamentos nesta quarta-feira (4).
0 comentários:
Postar um comentário